As últimas semanas de 2024 saudaram a chegada de dois novos museus à coleção de acervos da Brasiliana. Tratam-se de duas instituições ligadas à Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac), o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa (MuseCom) e o Museu de História Julio de Castilhos (MHJC). A oportunidade de prover maior visibilidade aos bens culturais e aos documentos preservados pelas instituições vinculadas à SEDAC-RS na Brasiliana Museus, entrou em sintonia com as ações da iniciativa “Programa Acervos da Cultura”, que promove no âmbito local a disponibilização, em larga escala, de documentos históricos digitalizados para acesso on-line.
No caso do MuseCom — Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa — os acervos disponibilizados para pesquisa na Brasiliana abrangem diferentes áreas da Comunicação, como imprensa escrita, televisão, rádio e fonografia, publicidade e propaganda, fotografia e cinema. Em sua peculiaridade o MuseCom se apresenta como “um equipamento que atua sob a missão de preservar e difundir os suportes e a memória das distintas formas de comunicação presentes na sociedade gaúcha.” Neste momento, a Brasiliana publica digitalmente 537 itens de seu acervo.
Já o Museu de História Julio de Castilhos (MHJC) foi o primeiro museu do Rio Grande do Sul, criado em 30 de janeiro de 1903 e denominado “Museu do Estado”. O nome atual rende homenagem àquele que foi presidente do Rio Grande do Sul por duas vezes, e o principal autor da Constituição Estadual de 1891, vindo a falecer em 1903. O acervo do museu contém mais de 10 mil objetos distribuídos em 31 coleções, e temos disponibilizados na Brasiliana 1932 itens, entre armaria, arquitetura, arte náutica, bandeiras, brinquedos, condecorações, etnologia, filatelia, heráldica, iconografia, indumentária, instrumentos de trabalho, instrumentos musicais, medalhas, missões, mobiliário, numismática, objetos de uso pessoal, objetos decorativos, regionalismo, sigilografia, utensílios domésticos vários, dentre outras tipologias.
Para nós aqui na Brasiliana Museus, 2024 foi um ano em que enfrentamos desafios técnicos para o aperfeiçoamento da agregação de diferentes tipos de acervos. Em julho, o lançamento da Chamada Pública MCTI/FINEP/FNDCT/Identidade Brasil – Recuperação e Preservação de Acervos 2024, que indicou como obrigatória “a disponibilização, após concluído o projeto, dos dados dos acervos museológicos na plataforma Brasiliana Museus do Instituto Brasileiro de Museus, seguindo seus padrões e normativos técnicos de catalogação e documentação” (4.6, iv), elevou a importância e a urgência de evolução para uma solução mais flexível e eficiente na agregação dos diversos acervos aderentes à Brasiliana.
O desafio foi a criação de um modelo de agregação mais genérico, capaz de atuar não somente em acervos museológicos, mas em condições de promover o diálogo entre coleções especiais de bibliotecas, arquivos, e contemplar de maneira adequada a diversidade dos museus brasileiros. Neste processo, seguimos utilizando o modelo de dados do INBCM (Inventário Nacional de Bens Culturais Musealizados), mas avançamos na definição de um conjunto mínimo de campos comuns capazes de arquitetar a relação entre os acervos diversos. A reflexão da equipe levantou outro aspecto importante a evoluir no âmbito do desafio de qualificação da agregação, que é a importância do uso de Tesauros e de vocabulários controlados específicos no trabalho de documentação realizado pelos museus aderentes.
Em termos técnicos, houve uma migração de tecnologia: no desenvolvimento inicial utilizamos Elastic Search e Kibana juntamente com o Tainacan, e nesta nova perspetiva exploramos o Apache Airflow — especializado na orquestração de dados complexos, permitindo definir claramente as dependências entre as tarefas e controlar o fluxo de execução — em conjunto com MongoDB para a consolidação das agregações, com saída para o Tainacan. Neste novo arranjo técnico temos uma evolução importante na segurança processo de submissão dos itens, que passa a ser realizado em sua totalidade via API.
Com estes novos arranjos e desenvolvimentos técnicos, que facilitam e tornam mais flexíveis os processos de agregação, esperamos iniciar 2025 acelerando a entrada de novos museus e instituições dedicadas à preservação da memória do patrimônio cultural na Brasiliana.