OS TRABALHADORES E SEUS OFÍCIOS
Para trabalhar em um ofício específico é necessário o desenvolvimento de um processo educacional, seja por meio do ensino formal ou do aprendizado prático. No Brasil, a formação de trabalhadores foi se consolidando conforme os diferentes momentos econômicos e políticos exigiam a presença de profissionais especializados nos diversos fazeres. Os acervos selecionados nesta página contam um pouco do surgimento, da transformação das profissões e das diferentes necessidades surgidas na sociedade que impuseram o desenvolvimento de artes e ofícios específicos. Esses acervos são, muitas vezes, parte da história de pessoas comuns, trabalhadores e trabalhadoras que desenvolveram sua prática profissional de forma anônima e autônoma, formando outros profissionais em suas oficinas e lojas, forjando práticas sociais e culturais que se perpetuam até a atualidade.
1001 ITENS
ESTA CURADORIA CONTA COM ITENS DE DIFERENTES MUSEUS
O SURGIMENTO DAS PROFISSÕES
O processo de desenvolvimento das profissões acontece gradativamente nos diferentes grupos humanos. Uma profissão é uma atividade especializada que requer preparo ou formação. O profissional é aquele que se apresenta socialmente como capaz de realizar uma determinada tarefa por ter um conhecimento específico. O que diferencia uma profissão de uma simples ocupação é o fato de que a ocupação é ditada pelo desejo individual, pelo talento ou pela vocação pessoal. Uma ocupação pode se tornar relevante quando responde às necessidades de um determinado grupo cultural. Dessa forma, a sociedade passa a exigir que a ocupação seja exercida regularmente, tornando-se uma profissão. Algumas características contemporâneas das profissões são: ser uma atividade de tempo integral, ter escolas de formação, constituir-se como um campo de conhecimento, ter associações profissionais, possuir uma legislação específica que a regulamente e ter códigos de ética. Essas características variam em cada grupo cultural e reverberam na cultura material gerada por cada ocupação e profissão. A partir dos acervos dos museus do Ibram podemos conhecer mais sobre esse assunto.
ARTES E OFÍCIOS
Na história das profissões e do trabalho existe a categoria dos ofícios, que diz respeito ao trabalho artesanal no período pré-industrial. De acordo com historiadores os ofícios podem ser separados em três grupos distintos. O primeiro grupo corresponde às corporações de ofício e as confrarias/irmandades, que institucionalizaram no Ocidente, para o ensino e a organização dos diferentes ofícios, entre os séculos X e XVIII. Entravam nessa categoria as corporações de marcenaria, alfaiataria, padaria, comércio, etc. O segundo grupo era próximo das corporações, mas controladas pelo Estado. Neles, os artesãos desenvolviam ofícios ligados ao funcionamento governamental, como cunhagem de moedas, armamentos, comércio internacional, etc. O terceiro grupo era dos artesãos autônomos que incluíam ofícios desprestigiados, além de diversos outros ofícios novos que rivalizavam com as corporações já instituídas.
Esse é o caso dos arquitetos, cujo saber rivaliza com os carpinteiros e pedreiros. Essa categoria também incluía os trabalhadores rurais.
No Brasil, onde prevalecia o trabalho de pessoas escravizadas nas atividades econômicas mais importantes, como a agricultura de exportação e a mineração, o desenvolvimento das técnicas e o aprimoramento das atividades econômicas ficou inibido. Oficialmente, essa situação só foi alterada após a chegada da família real portuguesa, em 1808, com a liberação da instalação de manufaturas no Brasil. Mesmo assim, o preconceito contra os trabalhos manuais, que durante 300 anos foi associado aos escravos, prevaleceu, dificultando a formação de trabalhadores nesse tipo de atividade.
OS OFÍCIOS DA CONSTRUÇÃO
Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, no final do século XVII, o ensino de artes e ofícios no Brasil conheceu um grande crescimento. Isso porque a circulação do outro promoveu um grande afluxo de pessoas para a região mineradora, resultando no crescimento das cidades e do comércio. Pedreiros, carpinteiros, ferreiros, pintores, escultores encontravam emprego na construção de igrejas e edifícios das novas cidades.
MANUFATURA E ARTESANATO NO BRASIL
As coleções de indumentária estão Depois de conhecer uma expansão no período minerador, as manufaturas, comércio e artesanato, sofreram um duro golpe no seu desenvolvimento no Brasil. A promulgação do Alvará de 5 de janeiro de 1785 pelo governo português impunha o fechamento de todas as manufaturas. Entretanto, mesmo com a proibição, o crescimento da população gerou uma inevitável intensificação das atividades econômicas e os ofícios prosperaram. Apesar da economia continuar baseada na agricultura de exportação, lentamente o comércio e as atividades artesanais foram se desenvolvendo no Brasil.